terça-feira, 2 de junho de 2015

Cinema brasileiro preservado


Integração. Novidade na CineOP, o duo O Grivo criará sons inusitados para filmes de Cao Guimarães
PUBLICADO EM 30/05/15 - 03h00


Em dez anos de história, a Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP foi além de exibir gratuitamente milhares de películas raras ou experimentais, enxergando que entre o espectador e a tela há sempre uma reflexão além de imagens e trilhas sonoras. Com a intenção de aumentar o leque de atuação e refletir sobre o patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação e o intercâmbio global, a 10ª CineOP,  antes de inaugurar a programação em Ouro Preto, terá uma série de atividades inéditas. Uma das principais será a estreia de um projeto entre o artista Cao Guimarães e o duo musical O Grivo, que fará ao vivo as trilhas sonoras para os filmes do cineasta.




Nesta edição, a CineOP vai exibir uma coleção de 115 filmes, entre eles 50 brasileiros, além de promover 15 debates, seminários, exposições, oficinas e lançamentos de livros, entre os dias 17 e 22 de junho, em Ouro Preto. Para Raquel Hallack, organizadora da CineOP, o festival mantém o foco para a discussão de preservação do patrimônio audiovisual brasileiro. “É um dos eixos mais importantes da memória e identidade sociocultural de um país. A CineOP representa uma frente única e singular no Brasil, que tem como bandeira histórica de suas edições pensar e refletir a preservação audiovisual numa ação conjunta e ampla com a sociedade”, avalia Raquel.

Apesar disso, neste ano, pela primeira vez a CineOP vai experimentar o formato Cine-Concerto, no Teatro Oi Futuro Klauss Viana. Na prática, o duo O Grivo, formado pelos músicos Nelson Soares e Marcos Moreira, responsáveis por criar sons de instrumentos inusitados, como latas velhas e copos de cristal, vão fazer um experimento audiovisual em diálogo livre com curtas-metragens e vídeos do cineasta Cao Guimarães, como as obras “Concerto para Clorofila” (2004) e “Aula de Anatomia” (2003). Em uma apresentação ao vivo, o espectador será conduzido por uma instalação audiovisual na qual a trilha sonora dialoga imprevisivelmente com as imagens do cineasta.

Visita inédita. Outra surpresa do CineOP na capital mineira, nos dias 24 e 25 de junho, é a inédita visita ao Brasil do coletivo francês DoubleCadance. Em uma composição de trio formada por Maxime Roman (guitarra), CélineBenezeth (violino) e Marco Pereira (piano), os músicos vão criar arranjos espontâneos para dois projetos apresentados no Teatro Oi Futuro Klauss Viana.

Primeiro, o “Soma de Todos os Tempos” terá trilha composta sobre as obras dos cineastas Jean Renoir e René Clair. Depois, no espetáculo “Homenagens Históricas”, os músicos fazem um tributo aos 120 anos da primeira projeção pública do cinematógrafo, exibindo curtas dos irmãos Lumiére, datados de 1895.

OURO PRETO. Na cidade histórica mineira, a CineOP ocupará o Cine Vila Rica, o Centro de Artes e Convenções e o Cine-Teatro, dividindo a programação em três eixos: educação, história e preservação.

No primeiro eixo, a CineOP organiza pela primeira vez a Mostra Educação, com 41 curtas produzidos por alunos no contexto escolar e abordando a inclusão social. “Convidamos também um grupo de trabalhos audiovisuais específicos pela questão da acessibilidade: isto é, produzidos por estudantes cegos, surdos ou hospitalizados, privados de liberdade”, diz a professora Adriana Fresquet, organizadora da Mostra Educação.

A discussão histórica, capitaneada pelo tema “Um Negro em Movimento”, vai prestar um tributo à representação do negro no cinema brasileiro, a partir de uma homenagem ao ator Milton Gonçalves, com exibição de um curto e seis longas para debater o assunto.

Na preservação, o cineasta Hernani Heffner, da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio, analisa as evoluções e desafios da CineOP. “Criou-se um grande grupo, de notável camaradagem e grande afinação quanto à importância da luta por uma melhor preservação audiovisual no Brasil. Nesse quesito, a CineOP desempenha o papel de símbolo no Brasil e espaço privilegiado na discussão ainda complexa”, diz Heffner.

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