quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cahiers du Cinema


Por Leonardo Cruz = Ilustrada
Começam a tomar forma as esperadas mudanças editoriais da “Cahiers du Cinéma”. A revista de cinema mais famosa do mundo anunciou nesta semana, em um comunicado em seu site, que Stéphane Delorme será seu novo editor-chefe, responsável por “liderar a reformulação” da publicação mensal.
Este é o primeiro passo concreto de mudança da “Cahiers” depois que a revista foi comprada pelo grupo editorial britânico Phaidon Books, especializado em livros de arte. O anúncio desta semana deixa claro que o publisher da Phaidon, Richard Schlagman, vai acompanhar de perto o trabalho do novo editor.
O comunicado diz que, trabalhando com Schlagman, “Delorme focará na revitalização da ‘Cahiers’, desenvolvendo uma revista que se coloque no coração da cultura fílmica contemporânea, que fale aos cinéfilos de hoje e que consolide o papel central da ‘Cahiers’ na produção cinematográfica internacional”.
O resultado prático de todo esse bonito blablablá ainda é um mistério. Mas a verdade é que a “Cahiers” precisa mesmo de um “extreme makeover” já há um bom tempo. Publicação que redefiniu a crítica de cinema no mundo a partir de sua fundação em 1951, com nomes como André Bazin, Jean-Luc Godard, François Truffaut e Claude Chabrol, a “Cahiers” perdeu o fôlego e deixou de ser a revista mais influente para quem se interessa por cinema _para ficar num único exemplo, a norte-americana “Film Comment” faz hoje um trabalho bem mais interessante.
Ao menos em teoria, a escolha de Delorme é interessante. Aos 35 anos, ele é crítico da “Cahiers” desde 1998 e integra o conselho editorial da revista desde 2001 _e tem um dos melhores textos da revista nos últimos anos. Também faz parte do comitê de seleção da Quinzena dos Realizadores, a mostra mais ousada do Festival de Cannes. Delorme já apontou como subeditor outro nome em ascensão na crítica francesa, Jean-Philippe Tessé, 32.
A revista manterá seu visual atual até o fim deste ano e deverá apresentar um novo projeto gráfico e editorial no início de 2010. E Delorme promete “levar vida nova à ‘Cahiers’, abri-la ao exterior e transformá-la em um lugar de desejo, entusiasmo, criatividade e troca de ideias”. A ver se consegue.
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O primeiro aniversário da pequena “Juliette”
Manter um revista de cinema no Brasil é quase impossível. Especialmente se tal revista não estampa em suas capas os Harry Potters ou Transformers da vida. Fazê-lo fora do eixo Rio-SP, sem o suporte de uma grande editora, é ainda mais complicado. Por isso, é admirável que a revista “Juliette” complete agora seu primeiro aniversário.
Publicação mensal editada em Curitiba por Josiane Orvatich e Rafael Urban, a “Juliette” chega a seu décimo número, sempre focada no cinema autoral e independente. A revista tem um visual delicado –cada edição ganha singelas ilustrações de um artista convidado– e oferece entrevistas, ensaios e críticas.
Nas duas edições que li (maio e junho/09), os textos eram em geral bem escritos, com destaque para o perfil da cineasta argentina Lucrecia Martel e a entrevista com o documentarista João Moreira Salles, ambos do número de junho. Se há uma ressalva a fazer, é a temperatura. O destaque de maio, por exemplo, foi para Marcos Jorge, de “Estômago”, filme de sucesso em 2008. Na edição de junho, há um ensaio sobre “Che - o Argentino”, muito depois de o filme ter saído de cartaz.
Relevado isso, a “Juliette” se revela uma leitura interessante, revista que ainda tem muito a amadurecer, mas que engatinha com admirável vigor. Para quem quiser se aventurar, a revista pode ser encontrada em São Paulo na livraria do Espaço Unibanco Augusta (r. Augusta, 1.475).
Escrito por Leonardo Cruz às 1h24 PM Ilustrada
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