Crowdfunding, uma forma nova de fazer arte barata

Sofia Ribeiro estreia em Espinho CD "Ar" financiado por 200 donativos do sistema crowdfunding

Lusa02 Mai, 2012, 17:17


A cantora Sofia Sibeiro faz sexta-feira, no Auditório de Espinho, o pré-lançamento do álbum "Ar", cuja produção foi parcialmente suportada pelo sistema crowdfunding e envolveu 200 donativos de cidadãos de 20 países.


Várias vezes premiada internacionalmente, Sofia Ribeiro já editou três outros discos, mas declarou à Lusa que este é o primeiro em que a maioria dos temas é da sua autoria, cabendo os arranjos ao pianista e compositor colombiano Juan Andrés Ospina - que acompanha a artista portuguesa no palco de Espinho, depois de com ela ter partilhado uma digressão europeia e a gravação do CD.

Nesse processo, o crowdfunding foi "uma boa alternativa" à edição própria ou por editoras.

"Gravar um disco é um investimento grande e um sistema como este permite avançar com um projeto sem se ter que pedir um empréstimo e ficar eternamente endividado", explica Sofia Ribeiro.

"Também me pareceu uma boa alternativa em relação à possibilidade de gravar com uma editora", acrescenta, "porque, hoje em dia, cada vez é mais difícil conseguir um bom acordo discográfico e já não são necessariamente as editoras que dominam o mercado".

Para Sofia Ribeiro, tratou-se assim de uma garantia de autonomia: "Eu tinha todo o interesse em continuar a trabalhar de forma independente", observa a cantora.

"Este sistema permite um contacto com o público sem intermediários e é um método mais democrático, em que as pessoas têm a opção de escolher se querem ou não ajudar a viabilizar um projeto", explicou.

Depois de esse ser dado a conhecer na página de internet da "PledgeMusic", a plataforma de crowdfunding mais adequada a projetos de caráter musical, os donativos foram-se sucedendo e surgiram sobretudo de Portugal, da Colômbia, dos Estados Unidos e de Espanha, embora também se tenham verificado contribuições de países como Austrália, Nova Zelândia, França, Inglaterra e Croácia.

O contributo mínimo permitido era 10 euros - o que dava direito ao download do disco quando concluído e acesso a conteúdos como fotografias, making-offs e músicas de álbuns anteriores - e o donativo máximo, neste caso, foi de 1000 euros - o que corresponde à colocação de um logótipo na contracapa do CD.

Sofia Ribeiro angariou assim um total foi de 5.977 euros - "120 por cento do valor inicialmente pedido", realça - e, como é recomendado pelo PledgeMusic, desse montante retirou 400 euros para o ProjecArte, "um projeto de educação pela arte que se tem distinguido pelo seu trabalho notável num agrupamento de escolas que serve vários bairros sociais do Porto".

Feitas as contas, a cantora garante que "a produção do álbum teria sido possível sem o crowdfunding, mas seria sem dúvida muito mais complicada".

O contributo de 200 mecenas confere ainda ao álbum maior significado: "É um disco que fica marcado de uma forma especial, pois foi acarinhado pelo público mesmo antes de existir. Sentimos que as pessoas queriam que este projeto se realizasse e por isso esforçaram-se por divulgá-lo e passar palavra, mostrando que era algo que consideravam que valia a pena apoiar".